quinta-feira, 4 de abril de 2013

Rosinha de Valença




Morre no Rio a violonista Rosinha de Valença
Após 12 anos em estado de coma
Quinta-feira, 10 de junho de 2004 - 12h36

Um das mais destacadas instrumentistas da bossa nova, Rosinha de Valença morreu após passar os últimos 12 anos em coma

Os parceiros de Rosinha (foto), Maria Bethânia e Martinho da Vila, lamentaram a morte da violonista

Rio - Após passar os últimos 12 anos em coma, uma das mais destacadas instrumentistas da Bossa Nova, Maria Rosa Canellas, a Rosinha de Valença, 62 anos, morreu no início da madrugada desta quinta-feira, de insuficiência respiratória, em sua cidade natal, Valença, no sul do Estado. Ela vivia em estado vegetativo desde 1992, quando uma parada cardíaca provocou uma lesão permanente no cérebro da violonista.



Rosinha morava com a irmã mais nova, Maria das Graças, em um bairro humilde de Valença. Na noite de quarta-feira, foi internada no Hospital Escola Luiz Giosef Jannuzzi, onde faleceu na primeira hora desta quinta-feira. Em 2002, em entrevista ao Estado, a irmã da instrumentista contou que sofria muito em vê-la imobilizada, movendo apenas os olhos. Mas, ainda que a Justiça permitisse, descartou a possibilidade de apressar a morte de Rosinha por meio da eutanásia.




Precoce, a violonista já tocava em rádios e em bailes de Valença aos 12 anos. Deixou os estudos para dedicar-se inteiramente à carreira e, em 1963, mudou-se para o Rio. Descoberta pelo jornalista Sergio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, ganhou o nome artístico de Rosinha de Valença. Na descrição entusiasmada de Porto, a violonista tocava por uma cidade inteira.


Gravou o primeiro disco naquele ano e passou a trabalhar com Baden Powell. Três anos depois, viajava pelos Estados Unidos com o grupo de Sérgio Mendes, Brasil 65, junto com Chico Batera, Jorge Ben, Wanda Sá e Tião Neto. Depois, apresentou a música brasileira excursionando pela Europa. Tocou e produziu discos de Martinho da Vila, Nara Leão, Maria Bethânia e Miúcha, entre outros, e trabalhou com grandes nomes da música internacional, como o saxofonista Stan Getz e a cantora de jazz americana Sarah Vaughn.

Rosinha passou também uma temporada em Paris, após ganhar uma bolsa de estudos da Embaixada da França e, em 1967, foi a violonista do show Comigo me desavim, de Maria Bethânia. A artista retornou ao Brasil em 1971 e passou a produzir discos de Martinho da Vila, mas depois voltou para a França. Quando sofreu a parada cardíaca que a deixou em coma, ela estava em férias no Brasil e já tinha cerca de 20 discos gravados.



Dois anos após entrar em coma, um grupo de artistas realizou um show beneficente no Canecão para ajudar a custear as despesas médicas da violonista. Foi uma das várias apresentações realizadas para ajudar e manter a memória da artista. Os primeiros oito anos do coma Rosinha passou na casa da irmã mais velha, Mariló, que veio a falecer. Só depois foi viver com Maria das Graças. O enterro de Rosinha de Valença ocorrerá nesta quinta-feira, no cemitério Riachuelo, no centro de Valença.
Aécio Oleveira

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