domingo, 7 de abril de 2013



Os Novos Baianos foi um conjunto musical brasileiro, nascido na Bahia, ativo entre os anos de 1969 e 1979. Eles marcaram a música popular brasileira e até o rock brasileiro dos anos 70, utilizando-se de vários ritmos musicais brasileiros que vão de bossa nova, frevo, baião, choro, afoxé ao rock n' roll.[1] O grupo lançou oito trabalhos antológicos para MPB. Influenciados pela contracultura e pela emergente Tropicália. Contava com Moraes Moreira (compositor, vocal e violão), Baby Consuelo (vocal), Pepeu Gomes (Guitarra), Paulinho Boca de Cantor (vocal), Dadi (baixo) e Luiz Galvão (letras) entre outros. O segundo disco do grupo, Acabou Chorare, que mescla guitarra elétrica, baixo e bateria com cavaquinho, chocalho, pandeiro e agogô, foi eleito pela revista Rolling Stone como o melhor disco da história da música brasileira em outubro de 2007 (anexo).

Carreira
Formação e primeiros anos

A história do grupo começou em 1969. com o espetáculo "O Desembarque dos Bichos Depois do Dilúvio Universal", no Teatro Vila Velha, em Salvador, Bahia, onde pela primeira vez juntos, se apresentaram Luiz Galvão, agrônomo formado, Paulinho Boca de Cantor, ex-crooner da "Orquestra Avanço", O popular nas noites de Salvador Moraes Moreira, a única não-baiana do grupo, a niteroiense Baby Consuelo, e Pepeu Gomes. Moraes Moreira foi apresentado a Tom Zé, que era amigo de Galvão[2]. Baby Consuelo conheceu os dois (Moraes e Galvão) em um bar, enquanto passava as férias em Salvador. Mais tarde, Paulinho Boca de Cantor conheceu os três, e se uniu a eles. Dos membros que formariam o grupo mais tarde, apenas Pepeu Gomes era músico, e havia passado por diversas bandas. Nas apresentações em palco e gravações, o grupo era inicialmente pelo um quarteto, acompanhado pelo grupo 'Os Leifs',[2] que depois teve seu nome mudado para A Cor do Som, do qual faziam parte o baixista Dadi, o baterista/percussionista Baxinho José Roberto Martins Macedo, o guitarrista Pepeu Gomes e seu irmão baterista, Jorginho Gomes. Pepeu Gomes se casou com a vocalista da banda, Baby Consuelo, e é incorporado definitivamente ao grupo e, ao lado de Moraes Moreira, colabora de maneira como arranjador musical do grupo. Em 1969 se inscreveram para o V Festival de Música Popular Brasileira com a canção "De Vera". A origem do nome surgiu em decorrência a uma apresentação na Rede Record, quando ainda sem nome definido para o grupo, o coordenador do festival, Marcos Antônio Riso gritou "Chama aí esses novos baianos!".[2] Os Novos Baianos nunca foram controlados por gravadoras e empresários, tanto que, quando foram para São Paulo, se apresentaram em diversos programas de televisão, extrapolando o tempo previsto.
O Auge

O primeiro empresário do grupo foi Marcos Lázaro, e a primeira gravadora foi a RGE, onde lançaram um compacto simples, "De Vera"/"Colégio de Aplicação", e no ano de 1970 o primeiro long play, titulado de É Ferro na Boneca, que além de trazer as canções do compacto, e uma grande mistura de gêneros, foi tema dos filmes "Caveira My Friend" e "Meteorango Kid". Apesar de tudo, o número de cópias vendidas do disco não foi tão extensa. Com a desclassificação de "Vera" do Festival da Record, Os Novos Baianos resolveram seguir para o Rio de Janeiro. Lá, moravam todos juntos em quatro cômodos, o que fazia com que o entrosamento entre os músicos fosse muito grande. Em 1971, gravaram o segundo compacto simples, "Volta que o Mundo dá", e receberam a visita de João Gilberto, que viria a influenciá-los com o samba.[1] Após a grande fusão de gêneros brasileiros, sugerida por João Gilberto, e a guitarra de Pepeu Gomes, surgiu o mais consistente e lembrado disco do grupo, Acabou Chorare, pela Som Livre; considerado o melhor álbum brasileiro da história segundo a revista Rolling Stone (anexo).

"Tinindo Trincando"
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Trecho de "Tinindo Trincando", cantada por Baby Consuelo e com expressivo solo de guitarra executado por Pepeu Gomes. Por misturar ritmos brasileiros ao rock esta é uma das faixas do disco a ser chamada de "samba elétrico".
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Em Jacarepaguá, alugaram um sítio apelidado de "Sitio do vovô". Viviam de forma quase anárquica em pleno regime militar. Em uma nova gravadora, a Continental, lançam seu terceiro álbum de estúdio, Novos Baianos F.C., com inovações rítmicas e líricas. O disco ganhou um filme homônimo de Solano Ribeiro.[3] Os Novos Baianos se mudam novamente, desta vez para uma fazenda em São Paulo, a convite de um executivo da Continental. Lá gravaram o quarto disco, Novos Baianos, mais conhecido por Alunte. O disco não vendeu tanto quanto os anteriores, o que levou ao desentendimento com a gravadora. A crise começou, Moraes Moreira, principal compositor da banda resolveu partir para a carreira solo.
O Declínio e fim

Desfalcados de Moraes Moreira, compositor principal ao lado de Galvão, o grupo faz de Pepeu Gomes o exemplo instrumental. O disco seguinte, Vamos pro Mundo, foi lançado ainda em 1974 pela Som Livre e tinha como foco as faixas instrumentais em choro, baião e samba. Em 1976, o grupo assina seu contrato mais longo, de dois anos com a gravadora Tapecar. O primeiro álbum na gravadora, Caia na Estrada e Perigas Ver, investiu no samba, rock e Pandeiro e "Brasileirinho" de Waldir Azevedo. Em 1977 lançara Praga de Baiano, já enfraquecidos pelo processo inicial das carreiras solo de Paulinho, Pepeu e Baby. O disco trazia o trio elétrico, frevo, e bastante música instrumental. Tornaram-se atração dos trios-elétricos, e Baby Consuelo foi a primeira cantora desse tipo de evento. O último trabalho, Farol da Barra (álbum) Farol da Barra, pela CBS, homenageia os compositores Ary Barroso e Dorival Caymmi, regravando "Isto Aqui O Que É?", e "Lá Vem a Baiana". O principal destaque do disco era a faixa-título, uma parceria entre Galvão e Caetano Veloso. No ano seguinte o grupo encerra suas atividades.
Reuniões posteriores

Em 1987, Baby, Pepeu e Paulinho se reuniram em uma apresentação única no Teatro Castro Alves. Em 1990, a reunião completa de Baby, Paulinho, Pepeu e Moraes Moreira aconteceu em um trio elétrico nas ruas de Salvador. Nesse mesmo ano, Pepeu e Moraes gravam um trabalho juntos. A banda também se reuniu em meados da década de 1990 para uma apresentação com Marisa Monte, que apoiou o retorno do grupo aos estúdios. Em 1997, o grupo reúne sua formação original e lançam o disco duplo: Infinito Circular. Em 2009, durante o carnaval de Salvador, se reuniram novamente Paulinho, Baby e Pepeu para duas apresentações abordo do trio elétrico intitulado "Os Novos Baianos" a banda percorreu o circuito do Campo Grande até a praça Castro Alves arrastando inúmeros fãs . O trio contou, ainda, com a participação das filhas de Baby o grupo "SNZ" e de seu filho Pedro Baby. Também em 2009 o grupo se apresentou na Virada Cultural, no palco localizado na Avenida São João em São Paulo. O show foi visto por um milhão de pessoas no Domingo (3/5). A apresentação contou com Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Luis Galvão e Paulinho Boca de Cantor, da formação clássica. Moraes Moreira não tem se apresentado mais com o grupo Novos Baianos.
Aécio Oliveira









Sidney Álvaro Miller Filho (Rio de Janeiro, 18 de abril de 1945 — Rio de Janeiro, 16 de julho de 1980) foi um compositor brasileiro.




O carioca de Santa Teresa Sidney Miller despontou como compositor no cenário musical brasileiro durante a década de 1960, e assim como outros artistas que também estavam começando participou com algum destaque em diversos festivais de música, bastante populares nesse período. Cursou Sociologia e Economia, porém sem concluir nenhum dos cursos. No início da carreira chegou a ser comparado com o também estreante Chico Buarque, uma vez que tinham em comum, além da timidez, a temática urbana e um especial cuidado na construção das letras. Além disso, a cantora Nara Leão, famosa por revelar novos compositores, teve grande importância na estréia dos dois - inclusive gravando, em 1967, o disco Vento de Maio, no qual dividiam quase todo o repertório: Chico Buarque assinou 4 canções, enquanto Sidney Miller era o autor de outras cinco. O primeiro registro importante como compositor foi em 1965 no I Festival de Música Popular Brasileira da TV Excelsior (SP), obtendo o 4º lugar com a música Queixa, composta em parceria com Paulo Thiago e Zé Keti, interpretada por Cyro Monteiro. Em 1967 pelo famoso selo Elenco de Aloísio de Oliveira lançou o primeiro disco, na qual se destaca por re-trabalhar temas populares e cantigas de roda como O Circo, Passa Passa Gavião, Marré-de-Cy e Menina da Agulha. Sidney Miller compôs juntamente com Théo de Barros, Caetano Veloso e Gilberto Gil a trilha sonora para a peça Arena conta Tiradentes, dos dramaturgos Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri. Nesse mesmo ano, ao lado de Nara Leão interpretou a música A Estrada e o Violeiro no III Festival de Música Popular Brasileira da TV Record (SP), conquistando o prêmio de melhor letra. Em 1968, também pelo selo Elenco lançou o Lp Brasil, do Guarani ao Guaraná, que contou com as participações especiais de diversos artistas como Paulinho da Viola, Gal Costa, Nara Leão, MPB-4, Gracinha Leporace, Jards Macalé, entre outros. O maior destaque do disco ficou por conta toada Pois é, Pra Quê. A partir de então Sidney Miller intensificou a carreira na área de produção. Juntamente com Paulo Afonso Grisolli organizou no Teatro Casa Grande (RJ) o espetáculo Yes, Nós Temos Braguinha, com o compositor João de Barro. Também com Grisolli, relançou a cantora Marlene, no show Carnavália, que fez bastante sucesso. Em 1969 produziu e criou os arranjos do Lp de Nara Leão Coisas do Mundo. Ainda em 69, ao lado de Paulo Afonso Grisolli, Tite de Lemos, Luís Carlos Maciel, Sueli Costa, Marcos Flaksmann e Marlene organizou o espetáculo Alice no País do Divino Maravilhoso, além de compor a trilha sonora do filme Os Senhores da Terra, do cineasta Paulo Thiago. Também para cinema, Sidney Miller foi o autor da trilha dos filmes Vida de Artista (1971) e Ovelha Negra (1974), ambos dirigidos por Haroldo Marinho Barbosa. Sidney Miller foi autor da trilha sonora das peças Por mares nunca dantes navegados (1972), de Orlando Miranda, na qual musicou alguns sonetos de Camões, e do espetáculo a A torre em concurso (1974), de Joaquim Manuel de Macedo. Em 1974 lançou pela Som Livre o último disco de carreira o Lp Línguas de Fogo.




Nos últimos anos de vida, Sidney Miller estava afastado do circuito comercial. Tinha planos de voltar a gravar, agora de forma independente, um LP que se chamaria Longo Circuito. Trabalhava na Funarte, quando faleceu após se suicidar. A sala em que trabalhava passou a se chamar Sala Funarte Sidney Miller e foi transformada num teatro.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Lupicínio Rodrigues (Porto Alegre, 16 de setembro de 1914 — Porto Alegre, 27 de agosto de 1974) foi um compositor brasileiro.

Lupe, como era chamado desde pequeno, compôs marchinhas de carnaval e sambas-canção, músicas que expressam muito sentimento, principalmente a melancolia por um amor perdido. Foi o inventor do termo dor-de-cotovelo, que se refere à prática de quem crava os cotovelos em um balcão ou mesa de bar, pede um uísque duplo, e chora pela perda da pessoa amada. Constantemente abandonado pelas mulheres, Lupicínio buscou em sua própria vida a inspiração para suas canções, onde a traição e o amor andavam sempre juntos.

De 1935 a 1947, trabalhou como bedel da Faculdade de Direito da UFRGS. Nunca saiu de Porto Alegre, a não ser por uns meses em 1939, para conhecer o ambiente musical carioca. Porto Alegre era seu berço querido e todo o seu universo.

Boêmio, foi proprietário de diversos bares, churrascarias e restaurantes com música, que seguidamente ia abrindo e fechando, tudo apenas para ter, antes do lucro, um local para encontro com os amigos.

Torcedor do Grêmio, compôs o hino tricolor, em 1953: Até a pé nós iremos / para que der e vier / Mas o certo é que nós estaremos / com o Grêmio onde o Grêmio estiver. Seu retrato está na Galeria dos Gremistas Imortais, no salão nobre do clube.

Deixou cerca de uma centena e meia de canções editadas; outras centenas que compôs foram perdidas, esquecidas ou estão à espera de quem as resgate. Encontra-se sepultado no Cemitério São Miguel e Almas em Porto Alegre.
Hino do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Eurico Lara é mencionado no hino do clube como "craque imortal".

O primeiro hino do Grêmio
foi composto em 1924 por Isolino Leal. Ele exultava a força do clube e o amor a ele.[1]
Posteriormente, em 1946, foi realizado um concurso pela diretoria do clube para a escolha de um novo hino. A composição escolhida foi a de Breno Blauth, gravada por Alcides Gonçalves.[2]
O hino atual foi composto pelo renomado compositor portoalegrense Lupicínio Rodrigues, em 1953. Lupi, que era gremista, estava durante uma tarde no Restaurante Copacabana, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, quando teve a ideia, em uma conversa com amigos.[2] Ao longo das estrofes, o hino cita a fé e o fanatismo dos gremistas. Indica que até mesmo quando a equipe passa por maus momentos, a torcida segue junto apoiando, não importando a situação na qual o time se encontra. Eurico Lara, goleiro que atuou no Grêmio entre a década de 1920 e 1930, é referenciado como "craque imortal".[3] Outra referência histórica é o verso "Com o Grêmio onde o Grêmio estiver", estampado em uma faixa feita por Alfredo Obino durante uma greve de bondes, em 1953.[2] O maestro Salvador Campanella, ficou a cargo de elaborar a partitura da canção
.

Sua nusica mais cantada é o hino do Gremio
Até a pé nós iremos
Para o que der e vier
Mas o certo e que nós estaremos
Com o Grêmio onde o Grêmio estiver....

Aécio Oliveira



Meu Sonho - Luis Bomfá

Luiz Floriano Bonfá (Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1922 — Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 2001) foi um cantor, violonista e compositor brasileiro.
Bonfá nasceu no dia 17 de Outubro de 1922 e morreu no ano de 2001 em Santa Cruz, no Rio de Janeiro. Aprendeu sozinho, quando criança, a tocar violão. Quando completou 13 anos passou a ter aulas com o Uruguaio Isaías Sávio. Tais aulas se tornaram muitos cansativas para Bonfá, que tinha de sair de sua casa na periferia do Rio, andar uma grande porção do caminho a pé e depois pegar um bonde para Santa Teresa, onde morava o professor. Devido à extraordinária dedicação de Bonfá, Isaías não lhe cobrava as aulas.

Carreira

Um dos integrantes do primeiro grupo de músicos da bossa nova, compositor de clássicos como "Manhã de Carnaval" e "Samba do Orfeu" (ambas com Antônio Maria), Bonfá começou a tocar violão de ouvido, na infância, no Rio. Aos 12 anos passou a ter aulas de violão clássico com o uruguaio Isaias Savio. Na década de 1940 tocou na Rádio Nacional, ao lado de Garoto. Participou de alguns conjuntos, como o Quitandinha Serenaders, até começar a carreira solo, como violonista. Teve atuação destacada como compositor, e seus primeiros sucessos foram gravados por Dick Farney, em 1953. A peça "Orfeu da Conceição", de Vinicius de Moraes, foi um marco em sua carreira. Tocou violão na gravação do disco da peça em 1956 e, três anos depois, compôs algumas das faixas que compunham a trilha sonora do filme de Marcel Camus ("Orfeu do Carnaval") inspirado na peça. Participou do Festival de Bossa Nova no Carnegie Hall em Nova York, 1962, sempre respeitado como compositor refinado e exímio violonista. Uma de suas características é tocar fazendo amplo uso do recurso das cordas soltas, o que confere uma sonoridade ampla e grandiosa. Gravou diversos discos nos EUA que não foram lançados no Brasil. Voltou a gravar no Brasil no fim dos anos 1980 e anos 1990, lançando discos bem-sucedidos também nos Estados Unidos. "Almost In Love", composição de Bonfá, foi a única música brasileira gravada por Elvis Presley. Frank Sinatra, Sarah Vaughan, George Benson, Tony Bennett, Julio Iglesias, Diana Krall e Luciano Pavarotti são outros intérpretes que já cantaram músicas de Bonfá. Outros sucessos são "De Cigarro em Cigarro", "Correnteza" (em parceria com Tom Jobim), "The Gentle Rain", "Menina Flor", "Mania de Maria" e "Sem Esse Céu".

Pesquisa  Aécio Oliveira

Rosinha de Valença




Morre no Rio a violonista Rosinha de Valença
Após 12 anos em estado de coma
Quinta-feira, 10 de junho de 2004 - 12h36

Um das mais destacadas instrumentistas da bossa nova, Rosinha de Valença morreu após passar os últimos 12 anos em coma

Os parceiros de Rosinha (foto), Maria Bethânia e Martinho da Vila, lamentaram a morte da violonista

Rio - Após passar os últimos 12 anos em coma, uma das mais destacadas instrumentistas da Bossa Nova, Maria Rosa Canellas, a Rosinha de Valença, 62 anos, morreu no início da madrugada desta quinta-feira, de insuficiência respiratória, em sua cidade natal, Valença, no sul do Estado. Ela vivia em estado vegetativo desde 1992, quando uma parada cardíaca provocou uma lesão permanente no cérebro da violonista.



Rosinha morava com a irmã mais nova, Maria das Graças, em um bairro humilde de Valença. Na noite de quarta-feira, foi internada no Hospital Escola Luiz Giosef Jannuzzi, onde faleceu na primeira hora desta quinta-feira. Em 2002, em entrevista ao Estado, a irmã da instrumentista contou que sofria muito em vê-la imobilizada, movendo apenas os olhos. Mas, ainda que a Justiça permitisse, descartou a possibilidade de apressar a morte de Rosinha por meio da eutanásia.




Precoce, a violonista já tocava em rádios e em bailes de Valença aos 12 anos. Deixou os estudos para dedicar-se inteiramente à carreira e, em 1963, mudou-se para o Rio. Descoberta pelo jornalista Sergio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, ganhou o nome artístico de Rosinha de Valença. Na descrição entusiasmada de Porto, a violonista tocava por uma cidade inteira.


Gravou o primeiro disco naquele ano e passou a trabalhar com Baden Powell. Três anos depois, viajava pelos Estados Unidos com o grupo de Sérgio Mendes, Brasil 65, junto com Chico Batera, Jorge Ben, Wanda Sá e Tião Neto. Depois, apresentou a música brasileira excursionando pela Europa. Tocou e produziu discos de Martinho da Vila, Nara Leão, Maria Bethânia e Miúcha, entre outros, e trabalhou com grandes nomes da música internacional, como o saxofonista Stan Getz e a cantora de jazz americana Sarah Vaughn.

Rosinha passou também uma temporada em Paris, após ganhar uma bolsa de estudos da Embaixada da França e, em 1967, foi a violonista do show Comigo me desavim, de Maria Bethânia. A artista retornou ao Brasil em 1971 e passou a produzir discos de Martinho da Vila, mas depois voltou para a França. Quando sofreu a parada cardíaca que a deixou em coma, ela estava em férias no Brasil e já tinha cerca de 20 discos gravados.



Dois anos após entrar em coma, um grupo de artistas realizou um show beneficente no Canecão para ajudar a custear as despesas médicas da violonista. Foi uma das várias apresentações realizadas para ajudar e manter a memória da artista. Os primeiros oito anos do coma Rosinha passou na casa da irmã mais velha, Mariló, que veio a falecer. Só depois foi viver com Maria das Graças. O enterro de Rosinha de Valença ocorrerá nesta quinta-feira, no cemitério Riachuelo, no centro de Valença.
Aécio Oleveira

Assis Valente - Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor





Biografia Atribulada

Era filho de José de Assis Valente e D. Maria Esteves Valente. Segundo relatava, tinha sido roubado aos pais, ainda pequeno, sendo depois entregue a uma família santoamarense, que lhe deu educação, ao tempo em que o iniciou no trabalho, algo extenuante.

Já aos dez anos de idade revelava-se admirador de grandes poetas, como Castro Alves e Guerra Junqueiro, cujos versos declamava, encantando aos que ouviam. Por essa idade segue com um circo mambembe, até que finalmente radicou-se em Salvador, onde fez-se aluno do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, aprendendo também a confeccionar dentaduras.

Em 1927 muda para o Rio, onde se emprega como protético e consegue publicar alguns desenhos. Na década de 1930 compõe seus primeiros sambas, bastante incentivado por Heitor dos Prazeres.

Muitas de suas composições alcançam o sucesso, nas vozes de grandes intérpretes da época, como Carmem Miranda, Orlando Silva, Altamiro Carrilho e muitos outros. Sua admiração por Carmem fê-lo até procurar aprender a tocar, pensando que o professor fosse pai adotivo da cantora — o que não procedia. A paixão não impediu que para ela compusesse várias canções, sempre presentes em seus discos.

Graças a uma dívida cobrada por Elvira Pagã, que lhe cantara alguns sucessos, junto com a irmã, tenta o suicídio pela primeira vez, cortando os pulsos.

Casou-se, em 23 de dezembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 1941 (13 de maio) havia tentado o suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado — tentativa frustrada por haver a queda sido amortecida pelas árvores.

Em 1942 nasce sua única filha, Nara Nadyli, e separa-se da esposa.
O suicídio

Desesperado com as dívidas, Assis Valente vai ao escritório de direitos autorais, na esperança de conseguir dinheiro. Ali só consegue um calmante. Telefona aos empregados, instruindo-os no caso de sua morte, e depois para dois amigos, comunicando sua decisão.

Sentando-se num banco de rua, ingere formicida, deixando no bolso um bilhete à polícia, onde pedia ao também compositor e amigo Ary Barroso que lho pagasse dois alugueres em atraso. Morria às seis horas da tarde. No bilhete, o último "verso":

"Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos, e de tudo."

Composição e poética

Seu trabalho foi um dos mais profícuos da música, constando que chegava a compor quase uma canção por dia — muitas delas vendidas a baixos preços para outros, que então figuravam como autores.

Seu primeiro sucesso, ainda de 1932, foi "Tem Francesa no Morro", cantando por Aracy Cortes.

Foi autor, também, de peças para o Teatro de revista, como Rei Momo na Guerra, de 1943, em parceria com Freire Júnior [1].

Após sua morte, foi sendo esquecido, para ser finalmente redescoberto nos anos 1960, nas vozes de grandes intérpretes da MPB, como Chico Buarque, Maria Bethânia, Novos Baianos, Elis Regina, Adriana Calcanhoto, etc.
Excertos

Suas canções foram muitas vezes regravadas, mesmo depois de sua morte, atingindo sucessivas gerações, no Brasil. Suas composições trazem um conteúdo poético, que buscam emocionar, algumas com um teor mais reflexivo. Alguns exemplos:

"Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem"

(de: "Boas Festas")

"Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor
Eu fui à Penha e pedi à padroeira para me ajudar
Salve o Morro do Vintém, pendura a saia que eu quero ver
Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar"

(de: "Brasil Pandeiro").
Pesquisa  - Aécio Oliveira

Polêmica da Música Luar do Sertão





Voce Sabia...........

Luar do Sertão é uma toada brasileira de grande popularidade. Seus versos simples e ingênuos elogiam a vida no sertão, especialmente o luar. Catulo da Paixão Cearense defendeu em toda a sua vida que era seu autor único, mas hoje em dia se dá crédito da melodia a João Pernambuco (1883-1947). É uma das músicas brasileiras mais gravadas de todos os tempos.

Polêmica sobre autoria
O tema pode ter origem no coco É do Maitá ou Meu Engenho é do Humaitá, de autor anônimo. Este coco integrava o repertório de João Pernambuco e teria sido por ele transmitido a Catulo, como tantos outros temas. Ao menos, isso é o que se deduz dos depoimentos de personalidades como Heitor Villa-Lobos, Mozart de Araújo, Sílvio Salema e Benjamin de Oliveira, publicados por Henrique Foréis Domingues no livro No tempo de Noel Rosa.

Homem simples, sequer alfabetizado, João Pernambuco, a certa altura de sua vida, queixava-se de ter sido vítima de plágio, por parte de Catulo, quanto à autoria desta modinha. Segundo Mozart Bicalho, Catulo "disse uma vez que o Luar do sertão era uma melodia nortista, mais ou menos pertencente ao domínio folclórico". O próprio Catulo, em entrevista a Joel Silveira, declarou: "Compus o Luar do Sertão ouvindo uma melodia antiga (...) cujo estribilho era assim: 'É do Maitá! É do Maitá'". O historiador Ary Vasconcelos, em Panorama da música popular brasileira na belle époque, diz que teve a oportunidade de ouvir Luperce Miranda tocar ao bandolim duas versões do É do Maitá: a original e "outra modificada por João Pernambuco", esta realmente muito parecida com Luar do sertão".


Leandro Carvalho, estudioso da obra de João Pernambuco e organizador do CD João Pernambuco - O Poeta do Violão (1997), declarou: "Por onde João andava, Catulo estava atrás, anotando tudo; foi o que aconteceu com Luar do Sertão: Catulo ouviu, mudou a letra e disse que era sua".
 
Aécio Oliveira

Garoto - UNS DOS CRIADORES DOS ACORDES DA BOSSA NOVA.





UNS DOS CRIADORES DOS ACORDES DA BOSSA NOVA.

Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, quase esquecido pelo público, é uma espécie de músico para músicos. João Gilberto é entusiasta da arte do compositor de “Gente humilde” ligar “os acordes por meio de belas frases musicais”. O poderoso chefão da bossa nova disse: “Garoto é um camarada esperto, ele sabe fazer aqueles encadeamentos, ele acompanha de uma forma que fica mais bonita”. Em 1991, incluiu num CD a música “Sorriu para mim”, de Garoto e Luís Cláudio (pseudônimo de Cecy, sua mulher). No livro “Chega de Saudade — A História e as Histórias da Bossa Nova” (Companhia das Letras, 461 páginas), Ruy Castro escreve: “Não havia um instrumento de corda que ele [Garoto] não dominasse à primeira vista. Dizia-se que, numa única canção, Garoto era capaz de alternar violão, guitarra, violão-tenor e cavaquinho, passando de um para o outro sem perder um compasso — e esta não era uma daqueles lendas que os músicos gostam de contar, porque ele costumava fazer isto no auditório da Rádio Nacional”. Depois de chamá-lo de “superviolonista”, o jornalista e crítico acrescenta, citando a cantora Sylvinha Telles, uma das primeiras vozes da bossa nova: “Cantar com Garoto era o máximo que uma pessoa podia querer”. Na esplêndida biografia “Carmen” (Companhia das Letras, 632 páginas), sobre a cantora Carmen Miranda, Ruy Castro aumenta o encantamento: “Aos poucos jornalistas que o procuraram, Aloysio [de Oliveira] disse que o Bando da Lua também vencera na América e que Garoto impressionara os americanos, que o chamavam de ‘Mr. Marvelous Hands’”. No livro “A Canção no Tempo — 85 Anos de Músicas Brasileiras” (Editora 34), Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello comentam: “Garoto tinha uma concepção musical diferente, acima da média de seus contemporâneos, bastando esta melodia [“Duas Contas”], com seus saltos inusitados, para comprovar este ponto de vista”. Com tantas referências positivas, de críticos e historiadores da música qualificados, compreende-se a necessidade de uma biografia detalhada do músico que mesmerizou Vinicius de Morais, Tom Jobim, João Gilberto, Chico Buarque e Baden Powell. A biografia está nas livrarias: “Gente Humilde — Vida e Música de Garoto” (Edições Sesc SP, 270 páginas), de Jorge Mello. Não há biografias definitivas, porque cada época reinventa os artistas, e o trabalho do professor de Física, apesar de sua enorme importância, procurando fornecer os dados principais de maneira cuidadosa, é apenas o primeiro passo. Não se trata da biografia clássica, detalhada, como as excelentes “Nelson Rodrigues — O Anjo Pornográfico”, de Ruy Castro, e “Chatô — O Rei do Brasil”, de Fernando Morais. Ainda assim, resgata a história de Garoto, inclusive publica seus diários.


Garoto nasceu em 1915, em São Paulo, e morreu de infarto, em 1955, aos 39 anos. Aos 5 anos tocava o violão do irmão Batista. Logo depois, ainda menor, já tocava violão, flauta, sax, bandolim, bandola, guitarra portuguesa, cavaquinho, violino e banjo. Era conhecido como Moleque do Banjo. Tomou aulas de violão com o professor Quinzinho e de violino com Arthur Busin. Tocava no violino “Piquenique trágico”, de Germano Benencase, e “Ave Maria” (não se sabe de qual compositor). Na escola, pensando mais em música, era desatento. Na aula de religião, o professor perguntou: “Sr. Aníbal Augusto Sardinha, qual foi o homem extraordinariamente dotado que Deus enviou à terra?” Distraído, mas talvez nem tanto, Garoto respondeu na bucha: “Foi Ernesto Nazareth!” O mestre gritou: “Sacrilégio! Como ousa misturar o nome de Cristo com nomes profanos? Quem é Ernesto Nazareth?” O menino respondeu: “É um compositor de choros”. O professor admoestou-o: “E por acaso falei em compositor de choros?” (o professor havia citado Jesus de Nazaré, daí a confusão). O jovenzinho não se fez de rogado: “Mas o sr. não falou num homem extraordinariamente dotado?” O lente não entendeu que estava lidando com um músico nato.


Menino, Garoto tocava ao lado do irmão Batista na Jazz Band Universal, no Circo Queirolo. Tocava banjo e, com outros grupos, cavaquinho. Aos 13 anos, o Moleque do Banjo tocava com Canhoto e, entre outros, Zezinho do Banjo, que, como Joe Carioca, “emprestou sua voz ao papagaio Zé Carioca, criação de Walt Disney, e fez sucesso nos Estados Unidos”. Aos 15 anos, em 1930, Garoto lança seu primeiro disco, com “duas composições de sua autoria: ‘Bichinho de queijo’ (maxixe) e ‘Driblando’ (maxixe-choro)”. Toca banjo e assina-se Aníbal Cruz. No mesmo ano, toca cavaquinho no grupo Chorões Sertanejos e apresenta-se na Rádio Sociedade Record, tocando banjo, bandolim e cavaquinho, como integrante do conjunto regional da emissora, e, às vezes, atuava como solista.


Em 1931, contratado pela Rádio Educadora, Garoto passa a usar o violão tenor — “semelhante ao violão mas um pouco menor e com apenas quatro cordas, em vez de seis. Garoto atribuiu a si o batismo do instrumento: ‘O violão tenor foi lançado por mim no Brasil em 1933. Com este maravilhoso instrumento tomei parte em programas radiofônicos, teatros. Este instrumento é de origem americana, onde é conhecido pelo nome de triolin [ou triolian]. No Brasil, batizei-o de violão tenor’”. O músico e pesquisador Marcio Petracco contesta e diz que, “em 1920, o violão tenor já era denominado tenor guitar. Garoto teria feito apenas uma tradução”. Garoto também era expert com guitarra havaiana e tocava ukelele. A valsa “Desvairada”, tida como “uma das mais famosas composições de Garoto, foi apresentada”, numa rádio, “primeiro em solo de cavaquinho e, alguns dias depois, em solo de bandolim”.


Em 1932, Garoto “fez suas primeiras apresentações como solista de violão” e já recebia o maior salário da Rádio Educadora. Era integrante da Jazz Band Otto Wey e do Sexteto Bertorino Alma e apreciava tocar músicas de Ernesto Na­zareth. Em 1935, fazia sucesso, era citado como “extraordinário solista de oito instrumentos” e participou do filme “Fazendo Fitas”, de Vittorio Capellaro. Jorge Mello contesta um mito: Garoto e o violonista Aimoré não tocaram com Carlos Gardel e nem viram Django Reinhardt tocar em Paris. Mas é fato que Garoto sofreu influência musical de Reinhardt.


Em 1936, Garoto foi escalado para tocar, em São Paulo, com Sílvio Caldas, Nonô, Luís Barbosa e Aracy de Almeida. “No meio do ensaio, Sílvio Caldas viu Garoto com ‘vários instrumentos’ e perguntou: ‘Será que ele toca tudo isso mesmo’.” O estupefato cantor viu e ouviu o jovem músico tocar cavaquinho, bandolim e guitarra havaiana — sem desafinar. “A cada instrumento, Sílvio tentava impedi-lo: ‘Não toque, pode ficar mal para você’. Furioso, Garoto pegou o violão tenor, impondo-se por seu talento. Os artistas cariocas ficaram maravilhados.”


Respeitado por músicos e cantores, Garoto cresceu e gravou vários discos como solista. Pela Columbia, gravou o choro “Dolente” e a valsa “Moreninha”, ambos de sua autoria. Na Rádio Cruzeiro do Sul, conta Jorge Mello, Garoto e Aimoré “tocaram um duo de forma inovadora: o violão a quatro mãos. Usando um único violão, Garoto tocava na região mais aguda e Aimoré tocava na mais grave”.


Garoto gravou nove discos, inclusive músicas de carnaval, com Moreira da Silva — ganhando “ginga e malemolência”. O choro “Vamos acabar com o baile” teria recebido influência do rei do breque, assinala Jorge Mello. Garoto-o compositor começou a ser gravado por alguns artistas. Arnaldo Meireles, acordeonista, gravou a valsa “Suspirando” e a mazurca “Sau­dades daqueles tempos”.


Em 1938, na Rádio Mayrink Veiga, Garoto integra o conjunto Cordas Quentes, ao lado do violonista Laurindo Almeida. O músico acompanhou Sílvio Caldas na gravação de três discos. Ele e Laurindo acompanharam Carmen Miranda na gravação de dois sambas. Os dois músicos gravaram músicas de Ary Barroso.


Ao mudar-se para os Estados Unidos, Carmen Miranda convocou o músico: “Queridíssimo Garoto, espero que você tenha gostado da ideia de vir para cá e aceite-a, pois esta terra é a melhor do mundo, só estando aqui é que acreditará. Estamos ansiosos que você venha”.


Nos Estados Unidos, Garoto gravou, com Carmen Miranda e o Bando da Lua, três discos, pela Decca. “O primeiro com as músicas South American Way (Al Dubin e Jimmy Mchugh) e ‘Touradas em Madri’, de João de Barros e Alberto Ribeiro; o segundo com ‘O que é que a baiana tem?’ (Dorival Caymmi) e a marchinha ‘Co, Co, Co, Co, Co, Co, Ro’ (Lamartine Babo e Paulo Barbosa); e o terceiro com a marchinha ‘Mamãe, eu quero’ (Jararaca e Vicente de Paiva) e o samba-embolada ‘Bambu bambu’ (Patrício Teixeira e Donga)”, relata Jorge Mello. “O grupo também atuou no cinema, na comédia musical ‘Dow Argentine Way’ [“Serenata Tropical”], filme de Irving Cummings, de 1940, estrelado por Don Ameche e Betty Grable.”


O presidente Franklin D. Roosevelt ouviu Carmen Miranda, o Bando da Lua e Garoto, na Casa Branca. “O presidente, muito camarada, veio nos abraçar, trocando impressões sobre coisas brasileiras”, revelou Garoto. Mais: Duke El­lington e Art Tatum ouviram Garoto tocar violão tenor. O organista Jesse Crawford chamou-o de “o Homem dos Dedos de Ouro”. “Aquele rapaz de 25 anos assombrou as plateias norte-americanas por sua maneira tão peculiar de tocar o instrumento.” Garoto amava a música de Ella Fitzgerald e de Bing Crosby e as grandes orquestras estadunidenses.


Em 1940, Garoto grava o choro “Quanto dói uma saudade”, um dos mais bonitos, e a valsa “Abismo de rosas” (confira uma gravação com Raphael Rabello). Dois sambas de Garoto, “Compromisso para as dez” e “Ingratidão”, foram gravados por Waldemar Reis. “Garoto ao violão e Poly no cavaquinho participaram da gravação dos dois primeiros discos daquele que viria a se tornar o ‘Rei do Baião’, Luiz Gonzaga. (...) Pela RCA Victor, Garoto e a pianista Caronlina Cardoso de Menezes gravaram o belíssimo choro de Garoto intitulado ‘Amoroso’, que mais tarde ganharia letra de Luís Bittencourt.”


Em 1942, em plena Segunda Guerra Mundial, o músico migra para a Rádio Nacional, onde faz o programa “Garoto e seus Mil Instrumentos”. Trabalhou com o maestro Radamés Gnattali, “inovou apresentando-se com uma guitarra havaiana elétrica” e, em 1944, “passou a atuar em duo com a pianista Carolina Cardoso de Menezes nas rádios Nacional e Guanabara. Deixava até os músicos impressionados ao tocar violão, violão tenor, violão quinto (seis cordas e afinações especiais), banjo, rajão (instrumento de origem lusa, de cinco cordas, muito parecido com o cavaquinho), bandolim, violino, bandola (oito cordas e somente sons graves), cavaquinho (de quatro e cinco cordas), guitarra portuguesa, guitarra havaiana, bandolin-cello (invenção de Garoto, com quatro cordas e sons graves, para música lenta), violoncelo e contrabaixo”, registra Jorge Mello.


Obsessivo — dizia: “Ou o violão me mata ou eu mato ele” —, Garoto estudava detidamente o “Quarteto” de Haydn, tocava Chopin, Segóvia, Falla, Beethoven, Mendelssohn, Villa-Lobos, Ravel (“Bolero”) e era mestre na interpretação de “Rhapsody in blue”, de George Gershwin. Gravou com Dorival Caymmi, Orlando Silva e Ademilde Fonseca. Paralelamente ao trabalho como multi-instrumentista, continuava compondo músicas de qualidade, como o choro “Gra­cioso”, “Falsa Promessa” (gravada por Emilinha Borba), “Duas Contas” (confira na voz de Maria Bethânia). Diz a música: “Teus olhos/são duas contas pequeninas/qual duas pedras preciosas/que brilham mais que o luar”. “Gente humilde”, talvez sua música mais famosa, ganhou letras de um poeta mineiro, que não quis se identificar, e de Chico Buarque e Vinicius de Moraes (mais deste). Músicos são competitivos e Garoto fazia questão de, às vezes, mostrar que era “superior” a Jacob do Bandolim.


Em 1952, aos 37 anos, Garoto era um músico completo, respeitado e, até onde é possível, imitado. Com Fafá Lemos (violino e canto), Chiquinho (acordeom), Garoto (violão) criou o bem-sucedido Trio Surdina, considerado o melhor trio instrumental do ano seguinte. No Municipal, participou de um concerto regido, com desagrado, por Eleazar de Carvalho. “Vejam só onde fui chegar... hoje em dia eu rejo até violão”, lamentou o maestro. “Foi a primeira vez naquele teatro que o violão atuou como instrumento solista, tendo a acompanhá-lo uma orquestra”, escreve Jorge Mello.


Em 1953, no Rio de Janeiro, não se sabe se para agradar os brasileiros, Andrés Segóvia disse que Garoto era o maior violonista do mundo.


Um dos maiores sucessos de Garoto é a música “São Paulo quatrocentão”, composta com Chiquinho. O disco vendeu setecentas mil cópias. A música também foi gravada pela cantora Hebe Camargo. Tido como profissionalíssimo, Garoto compôs músicas para os filmes “Marujo por acaso” e “Chico Viola não morreu”. O poema “Temas e variações”, de Manuel Bandeira, serviu como base para composição homônima de Garoto. O samba-canção foi feito em meia hora.


Jorge Mello afirma que a geração musical que surgiu e desaguou na bossa nova era “fortemente influenciada” por Garoto. Ele menciona Johnny Alf, João Donato, Dolores Duran, Newton Mendonça, Tom Jobim e Dick Farney. Sylvia Telles, aos 19 anos, brilhava, acompanhada, nas reuniões musicais, por Garoto, Chiquinho, Candinho, Billy Blanco, Tom Jobim, José Vasconcelos, Avena de Castro, Trio da Noite, Dolores Duran e Radamés Gnattali. A jovem era fã de Garoto. Sua primeira gravação tinha os sambas-canções “Amendoim torradinho”, de Henrique Beltrão, e “Desejo”, de Garoto e José Vasconcelos.


Em 1954, Garoto atuou com novos parceiros, Luiz Eça e Tom Jobim. “Luiz Eça, que se tornaria um dos maiores músicos do Brasil — pianista, compositor e arranjador, líder do Tamba Trio —, afirmou que Garoto foi sua primeira grande influência na música popular brasileira. Não por acaso, incluiu duas músicas de Garoto em seus dois primeiros LPs: ‘Relógio da vovó’ e ‘Felicidade’”, relata Jorge Mello. Estudante em Viena, ao fazer o exame final, Luiz Eça tocou a música “Duas Contas”, de Garoto. Levou zero. Sua obrigação era executar uma música erudita.


Garoto tocou com Tom Jobim no Clube do Cinema. Nesse dia, “Garoto compôs uma música na hora e denominou-a ‘Noite maravilhosa’”. Perguntaram a Jobim: “Tom, você incluiria Garoto entre os pioneiros da bossa nova?” O criador de “Garota de Ipanema” respondeu: “Incluiria, Garoto foi peça importante. Conheci muito o Garoto, muitíssimo. Gravei muito com o Garoto ao violão. Era considerado o maior violonista brasileiro, foi aos Estados Unidos. (...) Gosto muito das coisas dele”. Tom Jobim homenageou-o com a canção “Garoto”. Luís Bonfá dedicou-lhe “Garoto”. O crítico e pesquisador Henrique Cazes sustenta que Garoto “fez a ponte da harmonização jazzística para o violão brasileiro”, portanto, antecipando-se à bossa nova. Raphael Ra­bello, Turíbio Santos, Egberto Gis­monti, Wagner Tiso, Gui­lherme Vergueiro, Carlos Malta e Paulo Bellinati executaram músicas do compositor.


Em 3 de maio de 1955, Garoto morreu, no Rio de Janeiro, quando estava prestes a completar 40 anos. Teve um infarto. A biografia escrita por Jorge Mello, embora lacunar, o que sugere a necessidade de uma pesquisa mais ampla e de uma discussão mais detida da música de Garoto, é imperdível. É um belo trabalho de resgate, uma história amorosa. Publiquei um pálido retrato dos tesouros que escava e nos presenteia (revela outras coisas, como o fato de Garoto ser espírita).
 
Aécio Oliveira

Música "Cajuína" Taquarto Neto 40 ANOS SEM ESSE GRANDE POETA.







40 ANOS SEM ESSE GRANDE POETA.
A canção “Cajuína” de Caetano Veloso foi escrita em homenagem a um grande amigo de Caetano, Toquarto Neto, poeta, letrista, cineasta, ator e jornalista piauiense que cometeu suicídio em 1972. Alguns anos depois de sua morte, Caetano fez um show em Teresina e, por lá, resolveu visitar Tio Heli, pai de Toquarto. Muito triste com tantas recordações de um velho amigo de Tropicália, Caetano desandou a chorar e Tio Heli para consolá-lo foi até o jardim e trouxe uma rosa-menina e um copo de cajuína para Caetano. A partir daí surgiram os primeiros versos de “Cajuína”…

Aécio Oliveira

História de "Angelica" Música de Chico Buarque





Zuleika Angel Jones, conhecida como Zuzu Angel
Na virada dos anos 60 para os anos 70, Stuart Jones, filho de Zuzu e então estudante de economia, passou a integrar as organizações que combatiam a ditadura militar instalada no país desde 1964, filiando-se ao MR-8, grupo guerrilheiro do Rio de Janeiro. Preso em 14 de abril de 1971, Stuart foi torturado e morto pelo serviço de inteligência da Aeronáutica (CISA) no aeroporto do Galeão e dado como desaparecido pelas autoridades.
Morte
A busca de Zuzu pelas explicações, pelos culpados e pelo corpo do filho só terminou com sua morte, ocorrida na madrugada de 14 de abril de 1976, num acidente de carro na Estrada da Gávea, à saída do Túnel Dois Irmãos (Estrada Lagoa-Barra), Rio de Janeiro, hoje batizado com seu nome. O carro dirigido por ela, um Karmann Ghia, derrapou na saída do túnel e saiu da pista, chocou-se contra a mureta de proteção, capotando e caindo na estrada abaixo, matando-a instantaneamente.[2]

Uma semana antes do acidente, Zuzu deixara na casa de Chico Buarque de Hollanda um documento que deveria ser publicado caso algo lhe acontecesse, em que escreveu:. "Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho"

Em 1998, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos julgou o caso sob número de processo 237/96 e reconheceu o regime militar como responsável pela morte.


A Vida de Violeta Parra



Nasceu em San Carlos, província de Ñuble. Realizou seus estudos escolares até o segundo ano do secundário, abandonando-os em 1934, para trabalhar e cantar com seus irmãos em bares e circos, desenvolvendo uma importante carreira musical, como autodidata, a partir dos 9 anos.
Em 1938, casou-se pela primeira vez e dessa união, teve dois filhos, Isabel e Ángel, que também viriam a se tornar compositores e intérpretes importantes.

Viveu em Valparaíso entre 1943 e 1945, e voltou a Santiago, para cantar junto com seus filhos. Em 1949 voltou a se casar e teve duas filhas dessa nova união. Em 1952 começou a pesquisar as raízes folclóricas chilenas e compôs os primeiros temas musicais que a fariam famosa. Em 1954, quando já tinha o seu próprio programa de rádio, começou um rigoroso estudo das manifestações artísticas populares. Durante o ano de 1955 visitou a União Soviética, Londres e Paris, cidade onde residiu por dois anos. Realizou gravações para a BBC e os selos Odeón e "Chant du Monde". Em 1957 radicou-se em Concepción, voltando a Santiago no ano seguinte para começar sua produção plástica. Percorreu todo o país, recompilando e difundindo informações sobre o folclore. Em 1961, mudou-se para a Argentina, onde fez grande sucesso com suas apresentações. Voltou a Paris e ali permaneceu por três anos, percorrendo várias cidades da Europa, destacando-se suas visitas a Genebra. Em 1965 voltou ao Chile, viajou para a Bolívia e, ao regressar a seu país, instalou uma grande tenda na comuna de La Reina, com o plano de convertê-la em um centro de referência para a cultura folclórica do Chile, juntamente com os filhos, Ángel e Isabel, e os folcloristas Patricio Manns, Rolando Alarcón e Víctor Jara, entre outros. No entanto, a iniciativa não obteve sucesso.

Emocionalmente abatida pelo fracasso do empreendimento e pelo dramático final de um relacionamento amoroso, Violeta Parra suicidou-se em 5 de fevereiro de 1967, na tenda de La Reina.


A Cantora virou  Filme de Andrés Wood sobre a vida da cantora Violeta Parra, "Violeta Foi Para o Céu" 
Aécio Oliveiro

A HISTÓRIA DE CANTEIROS - FAGNER/CECÍLIA MEIRELES



Marcha

As ordens da madrugada
romperam por sobre os montes:
nosso caminho se alarga
sem campos verdes nem fontes.
Apenas o sol redondo
e alguma esmola de vento
quebram as formas do sono
com a idéia do movimento.

Vamos a passo e de longe;
entre nós dois anda o mundo,
com alguns mortos pelo fundo.
As aves trazem mentiras
de países sem sofrimento.
Por mais que alargue as pupilas,
mais minha dúvida aumento.

Também não pretendo nada
senão ir andando à toa,
como um número que se arma
e em seguida se esboroa,
- e cair no mesmo poço
de inércia e de esquecimento,
onde o fim do tempo soma
pedras, águas, pensamento.

Gosto da minha palavra
pelo sabor que lhe deste:
mesmo quando é linda, amarga
como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga, é tudo
que tenho, entre o sol e o vento:
meu vestido, minha música,
meu sonho e meu alimento.

Quando penso no teu rosto,
fecho os olhos de saudade;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.
Soltam-se os meus dedos ristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentameno.

Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento...
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento.
Cecília Meireles

Canteiros
(Fagner, baseado no poema "Marcha" de Cecília Meirelles Músicas incidentais : Na hora do almoço (Belchior), Águas de Março (Antonio C. Jobim)dos discos "Manera Frufru Manera" e "Ao Vivo - Duplo" )
Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento
Pode ser até manhã
Cedo, claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
Deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um toco sozinho ...
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração.

Aécio Oliveira